sexta-feira, março 26, 2004
135. GUIA GEOBOTÂNICO DA SERRA DA ESTRELA
Aqui vos deixo a apresentação feita ao livro na sua contracapa:
"A Serra da Estrela constitui uma encruzilhada fundamental da rede ecológica do interior de Portugal. Ela reúne muitos dos elementos característicos do Norte, do Leste, do Sul e do Oeste numa combinação única, ao mesmo tempo que lhes acrescenta alguns elementos próprios.
Este livro é um guia de campo, feito para o público em geral e abundantemente ilustrado, que tem como objectivo ajudar a compreender a flora, a vegetação e a ecologia da Serra da Estrela, oferecendo uma descrição integrada de todos os principais biótopos, baseada no conhecimento científico actual.
Muitas espécies de plantas vivem em biótopos específicos. O "Guia geobotânico da Serra da Estrela" fornece indicações sobre as espécies que poderão ser encontradas em cada biótopo; na nossa opinião, esta informação facilitará a sua identificação.
O primeiro capítulo inclui uma descrição geral da geografia, da geologia, dos solos, dos climas, dos andares altitudinais, da biogeografia, da flora e da fauna. Nos capítulos seguintes, descrevem-se os aspectos ecológicos gerais dos grandes tipos de biótopos, começando com as florestas (capítulo 2) e seguindo-se as formações arbustivas (capítulo 3), os prados (capítulo 4), as formações aquáticas (capítulo 5), as formações rupículas (capítulo 6) e a vegetação dos meios rurais (capítulo 7). Os anexos incluem listas preliminares de biótopos, flora, fauna e comunidades vegetais.
Esperamos que as descrições dos biótopos despertem o interesse dos leitores para as complexas relações ecológicas entre as espécies. Tais descrições poderão ser úteis na identificação de situações em que é provável a ocorrência de determinadas espécies. Desta forma, o leitor será capaz de "ler" a paisagem e a sua vegetação, passando a conhecer melhor o património natural desta singular Serra".
Além disso o livro é bonito, mete-se num bolso e portanto facilmente se leva numa visita à Serra. Aconselho-vos a sua compra e a visitarem a nossa majestosa Serra da Estrela.
Já agora, o CISE da Câmara Municipal de Seia organiza percursos pedestres.
segunda-feira, março 22, 2004
134. PSIQUE REANIMADA PELO BEIJO DO AMOR
Antonio Canova - Psique reanimada pelo beijo do Amor (1793)
quinta-feira, março 18, 2004
133. JOSÉ DA FONSECA RIBEIRO, O MAIOR ENTALHADOR DA BEIRA, NA SEGUNDA METADE DO SÉC. XVIII (Actualizado)
Igreja da Misericórdia da Guarda, Altar-mor - obra de José da Fonseca Ribeiro; foto da DGEMN
Os meus amigos já se admiravam de eu ainda não ter aqui falado de José da Fonseca Ribeiro.
É, de facto, o maior autor de riscos, entalhador e escultor de talha da Beira, na segunda metade do século XVIII.
As suas obras espalham-se pelas dioceses de Viseu, Guarda e Coimbra e impõem-se na região pela sua elegância, qualidade, diversidade e quantidade.
José da Fonseca Ribeiro foi retirado da poeira dos arquivos pelo ilustre historiador viseense Dr. Alexandre Alves, que deu a conhecer os contratos de feitura de quatro importantes retábulos.
Eu identifiquei a data e o local do seu nascimento - 1733, Carregal do Sal -, do seu casamento - 1757, Pinhanços, Seia - e a data do seu falecimento - 1815 - em Pinhanços, terra onde passou a residir após o casamento.
Interessa-me a sua vida e a sua obra, porque lhe atribuo, com toda a certeza, dois majestosos altares da nossa Igreja Matriz, entalhados em 1768-69 a quando das obras da nova igreja (a actual) e que eu muito admiro desde criança.
Mas a grande descoberta foi a do contrato de ajuste do risco e entalhamento do altar-mor da Igreja da Misericórdia da Guarda com data de 11 de Setembro de 1773.
Já contei a história desta descoberta num outro local. Deu-me um prazer imenso... a fotocópia original do documento fui levá-la a Viseu ao Dr. Alexandre Alves, como tributo por tudo aquilo que este incansável investigador fez pela História de Arte da terra beirã.
Esta descoberta permitiu dividir a obra do grande mestre entalhador, em 5 fases estilísticas, correspondendo (grosso modo) às décadas de 50, 60, 70, 80 e 90.
José da Fonseca Ribeiro terá de constar forçosamente nas próximas Histórias da Arte em Portugal, bem como se terá nelas de fazer referência à até agora só vislumbrada Escola Regional de Talha Rococó da Beira e da qual ele foi o maior expoente.
Há um ano que não pegava neste trabalho. Sou, como Bocage, "incapaz de assistir num só terreno".
Mas, o José da Fonseca Ribeiro já me fez saber, em sonhos, que está farto da minha malandrice e por isso vou mesmo ter de deitar mãos à obra!
segunda-feira, março 15, 2004
132. O SENTIDO SIMPLES DAS COISAS
THE PLAIN SENSE OF THINGS
After the leaves have fallen, we return
To a plain sense of things. It is as if
We had come to an end of the imagination,
Inanimate in an inert savoir.
It is difficult even to choose the adjective
For this blank cold, this sadness without cause.
The great structure has become a minor house.
No turban walks across the lessened floors.
The greenhouse never so badly needed paint.
The chimney is fifty years old and slants to one side.
A fantastic effort has failed, a repetition
In a repetitiousness of men and flies.
Yet the absence of the imagination had
Itself to be imagined. The great pond,
The plain sense of it, without reflections, leaves,
Mud, water like dirty glass, expressing silence
Of a sort, silence of a rat come out to see,
The great pond and its waste of the lilies, all this
Had to be imagined as an inevitable knowledge,
Required, as a necessity requires.
O SENTIDO SIMPLES DAS COISAS
Depois das folhas terem caído, regressamos
A um sentido simples das coisas. É como se
Tivéssemos chegado ao fim da imaginação,
Inanimados num inerte savoir.
É difícil até escolher o objectivo
Para este frio vazio, esta tristeza sem causa.
A grandiosa estrutura tornou-se numa casa menor.
Nenhum turbante caminha através dos soalhos degradados.
A estufa nunca precisou tanto de tinta.
A chaminé tem cinquenta anos e está inclinada para um lado.
Falhou um esforço fantástico, uma repetição
Numa repetitividade de homens e moscas.
Contudo a ausência da imaginação tinha
Ela própria de ser imaginada. O lago grandioso,
O seu sentido simples, sem reflexos, folhas,
Lama, água como vidro sujo, expressando silêncio
De certo tipo, silêncio de um rato saindo para ver,
O lago grandioso e a sua imensidade de nenúfares, tudo isto
Tinha de ser imaginado como um conhecimento inevitável,
Exigido, como uma necessidade exige.
Wallace Stevens- "Ficção Suprema", pág. 74-75, Assírio & Alvim, Lisboa, 1991; trad. de Luísa Maria Lucas Queiroz de Campos.
Wallace Stevens nasceu em 1879 em Reading, na Pensilvânia, e faleceu em 1957.
sexta-feira, março 12, 2004
131. A DAMA DE ELCHE
A Dama de Elche é o meu amor em Madrid.
Visitei-a no Museo Arqueologico Nacional. Olhei-a demoradamente e só me separei dela porque era inevitável.
O Museo Arqueologico Nacional é um museu extraordinário. Saí de lá com as lágrimas nos olhos e com a sensação de que, se não fosse português, naquele momento gostaria de ser espanhol.
Um abraço aos vizinhos da minha Dama!
Sobre "A Dama de Elche" ver aqui, aqui e aqui.
domingo, março 07, 2004
130. INSPIRAÇÃO (Actualizado)
À memória de minha Mãe
Montes da minha aldeia, tão formosa,
Que as águas do Mondego ides guiando
Para onde triste fonte está chorando
A morte d'uma amante desditosa!
Aqui passou a infância descuidosa
Aquela que estou sempre recordando;
Aqui as tenras mãos uniu rezando,
À hora do sol posto silenciosa.
O mesmo sino ouviu que estou ouvindo;
Por estes mesmos vales discorrendo,
Memória aqui deixou que estou sentindo.
Quem sabe, doce mãe, se me estais vendo?
Quem sabe se do Céu me estais sorrindo,
E os versos me inspirais que vou escrevendo?
António Vianna - "Flores d'Outono", pág. 9, Imprensa Nacional de Lisboa, Lisboa, 1922.
António José Viana da Silva Carvalho nasceu a 15 de Março de 1858 e faleceu em Abril de 1931. Era neto, pelo lado materno, de José da Silva Carvalho. Bacharel formado em direito, escreveu no campo da história "José da Silva Carvalho e o seu tempo", em 3 volumes, obra fundamental para o estudo do seu ilustre avô, e ainda "A Revolução de 1820 e o Congresso de Verona" (1901), "A Emancipação do Brazil" (1922) e "A Carta e a Reacção" (1958), e, no campo da poesia, "Tobias" (1901) e "Flores d'Outono" (1922). "Flores d'Outono" é dedicado a sua mãe, falecida em 1886 e a quem devotava um amor extremo; em 1894 casa-se com D.ª Laura de Soares Franco Schroter que «irá ocupar-lhe no coração o lugar vago pela morte de sua mãe». O Dr. António Viana, a sua esposa e as suas duas filhas passavam uma parte das férias na sua casa aqui em Vila Deanteira. Eram pessoas sinceramente queridas e estimadas por todos.
sábado, março 06, 2004
129. QUE É FEITO DOS HISTORIADORES DE ARTE? ONDE ESTAIS?
Apetece-me imitar António Nobre no poema "Lusitânia no Bairro Latino" e perguntar: - Que é feito dos historiadores de arte do meu país? Onde estais, onde estais?
Eu compreeendo que, à primeira vista, não seja muito apetecível estudar e divulgar o património artístico da minha freguesia de S. João de Areias, mas nem Frei Cipriano da Cruz estudam e divulgam?
Aliás, basta pesquisar o que existe na net sobre história de arte portuguesa para nos apercebermos da pobreza do panorama.
Todos os anos licenciam-se centenas de estudantes em História e em História de Arte. Porque não dedicam algum do seu tempo à investigação?
A desculpa de "não há condições, isto é um país miserável" não pega. Das duas uma, ou o modelo pedagógico em vigor nos cursos de história atrofia os seus alunos amedrontando-os para tudo o que é investigação ou, de facto, estes, talvez mais do que os outros, preocupam-se "em matar a fomeca" e o tempo livre dedicam-no ao futebol, às gajas/gajos, às roupas e às tascas.
Tenho pena que assim aconteça... o nosso património é que sofre!
sexta-feira, março 05, 2004
128. PIETÁ DE FREI CIPRIANO DA CRUZ
Nossa Senhora da Piedade
escultor: Frei Cipriano da Cruz
Museu Nacional de Machado de Castro
datação: 1685 d.C.- 1690 d.C.
dimensões: altura: 137, largura: 152, profundidade: 64,5
descrição: Escultura de vulto em madeira policromada e estofada, representando uma Piedade. Nossa Senhora transparece uma enorme tensão dramática, com um rosto dolorido, de olhar erguido em atitude de clemência, coberta por largos panejamentos. Cristo alongado, é quase envolvido pelo regaço da mãe, que lhe segura a mão esquerda. Vistos de frente, os dois corpos formam um bloco triangular.
Retirado de MATRIZNET - onde se poderá pesquisar as colecções dos museus tutelados pelo Instituto Português de Museus.
quinta-feira, março 04, 2004
127. O PALÁCIO DA VENTURA
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do Amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d’ouro com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
Antero de Quental - Sonetos
Até há uns tempos atrás declamava este poema ao vento e à noite escura.
Agora deixo-o aqui no blogue... sei que é um poema especial para alguns dos meus amigos.
Sobre "O Palácio da Ventura" ver aqui
terça-feira, março 02, 2004
126. TERÇAS-FEIRAS NO C.C.V.
Hoje 02 / 03: E A VIDA CONTINUA (Zendegi va digar hich), de Abbas Kiarostami, Irão, 1991, 95’ - 09 / 03: UM FILME FALADO de Manoel de Oliveira, Portugal, 2003, 96’ - 16 / 03: UM TEMPO PARA CAVALOS BÊBADOS (Zamani barayé masti asbha) de Bahman Ghobadi, Curdistão / Irão, 2000, 80’ - 23 / 03: O MEU TIO (Mon oncle), de Jacques Tati, França, 1958, DVD, 115', leg em castelhano, sessão extra integrada na programação tangencial à Voyager - 30 / 03: O QUADRO NEGRO (Takhté siah) de Samira Makhmalbaf, Irão 2000, 85’
Há pessoas que fazem tudo para nos tornar felizes.
Que bom seria que a nossa jovem Casa da Cultura fizesse um protocolo com o Cineclube de Viseu e exibisse, pelos menos alguns, destes filmes alternativos!
Vamos a isso!
segunda-feira, março 01, 2004
125. O CÉU DA MINHA TERRA
Este é o céu da minha terra - 40°23'N 8°4'W - às 20 horas.
Está um frio de rachar... mas vale bem a pena dar uma espreitadela. O luar está magnífico. A lua está em Quarto Crescente. De Este para Oeste alinham-se Jupiter, Saturno, Marte e Vénus. Naquele pontinho vermelhinho encontram-se as sondas enviadas pelos homens. Nós, os de cá de casa, estamos embasbacados. Tudo isto nos espanta e fascina.
Como ver o seu céu