sexta-feira, dezembro 31, 2004

217. ÚLTIMA CAMINHADA DO ANO 




Nós acabámos o ano assim! Votos de um feliz 2005!

quarta-feira, dezembro 29, 2004

216. OS PEQUENOS VAGABUNDOS 



Nos últimos dias, aqui em casa, temos visto e revisto "Os Pequenos Vagabundos".
Encontrei-os no meu sapatinho.
Que eu goste, não é de admirar.
Quanto eu desejei participar naquela aventura. Quanto desejei estar perto da Marion...
Agora o êxito que esta série, apesar do seu toque de ingenuidade para os tempos actuais, granjeou nos meus filhos, é que me surpreende.
É interessante convivermos aqui em casa e em simultâneo, com linguagens cinematográficas tão diferentes como a d' "Os Pequenos Vagabundos", do "Toy Story" e do "Harry Potter e a Pedra Filosofal".

sábado, dezembro 25, 2004

215. O NOSSO NATAL 

Há pouco, à lareira, ao calor do cepo que vai arder durante toda a noite, li "Um Natal" de Truman Capote. Os meus filhos gostaram. Há, de facto, muitas maneiras de se viver o Natal e é bom que estejamos preparados para todas elas.
Este ano quebrou-se a tradição. Não lemos o "Natal" do Garrinchas. No entanto os "Novos Contos da Montanha", de Miguel Torga estiveram presentes na nossa noite de Natal, ao colo de um dos meus filhos. Este ano o Garrinchas ouviu a história do pequeno Buddy. Achámos que era melhor assim, para não ferir susceptibilidades.
Agora, que uma calma especial se instala em minha casa, os meus filhos já dormem, o padre que os baptizou celebra a Missa do Galo na RDP 1, vou ler a «Morgadinha dos Canaviais», de Júlio Dinis. Vou ler, na modorra da lareira, mais uma vez, a visita da Morgadinha, em Noite de Natal, ao Tio Vicente. O que é que querem? Eu gosto!


quinta-feira, dezembro 23, 2004

214. BRANCA ESTAIS E COLORADA 

Branca estais e colorada
Virgem sagrada
Em Belém, vila de amor
da rosa nasceu a flor
Virgem sagrada!
Em Belém, vila de amor
nasceu a rosa do rosal,
Virgem sagrada!
Da rosa nasceu a flor
para nosso Salvador:
Virgem sagrada!
Nasceu a rosa do rosal,
Deus e homem natural:
Virgem sagrada!


Gil Vicente - poema "Branca estais e colorada", in Primeiro Livro de Poesia - poemas em língua portuguesa para a infância e a adolescência, selecção de Sophia de Mello Breyner Andresen e ilustrações de Júlio Resende, 8.ª edição, pág. 15, Editorial Caminho, Lisboa, 1991.


sábado, dezembro 18, 2004

213. NATAL 

Aregos, 24 de Dezembro de 1953

Um Deus à nossa medida...
A fé sempre apetecida
De ver nascer um menino
Divino
E habitual.
A transcendência à lareira
A receber da fogueira
Calor sobrenatural.


Escolha de Sara, António e João

Miguel Torga - "Diário VII", in Poesia Completa, 2.ª Edição, pág. 517, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2002


quinta-feira, dezembro 16, 2004

212. CANÇÃO PARA MINHA MÃE 

E sem um gesto, sem um não, partias!
Assim a luz eterna se extinguia!
Sem um adeus, sequer, te despedias,
Atraiçoando a fé que nos unia!

Terra lavrada e quente,
Regaço de um poeta criador,
Ias-te embora antes do sol poente,
Triste como semente sem calor!

Ias, resignada, apodrecer
À sombra das roseiras outonais!
Cor da alegria, cântico a nascer,
Trocavas por ciprestes pinheirais!

Mas eu vim, deusa desenganada!
Vim com este condão que tu conheces,
E toquei essa carne macerada
Da vida palpitante que mereces!

Porque tu és Mãe!
Pariste um dia aos gritos e aos arrancos,
E parirás ainda pelo tempo além,
Mesmo sem madre e de cabelos brancos!

És e serás a faia que balança ao vento
E não quebra nem cede!
Se te pediu a paz do esquecimento,
Também a força de lutar te pede!

Respira, pois, seiva da duração,
Nos meus pulmões até, se te cansaste;
Mas que eu sinta bater o coração
No peito onde em menino me embalaste.


S. Martinho de Anta, 13 de Julho de 1946

Miguel Torga - Diário III, in "Poesia Completa", 2.ª Edição, pág. 284-285, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2002

Acabámos de ler, à lareira, alguns poemas de Miguel Torga sobre o Natal.
Melhor dizendo, o meu filho do meio leu à lareira... Alguns difíceis!
Prometi-lhes colocar no blogue aquele poema que diz: "A transcendência à lareira / A receber da fogueira / Calor sobrenatural". Adoraram este poema!
Mas... agora... no silêncio do escritório, ao folhear a "Poesia Completa" de Miguel Torga, o pensamento dispersou-se e voou noutras direcções.


sábado, dezembro 11, 2004

211. A CASA ONDE ÀS VEZES REGRESSO 

A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos

durmo no mar, durmo ao lado de meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e os furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo

tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração


José Tolentino Mendonça - Baldios, pág. 43, Assírio & Alvim, Lisboa, 1999

Nota: Um amigo informou-me que José Tolentino Mendonça, um dos poetas que eu mais admiro na actualidade, tem ou teve um blogue, mas não sei como se chama...
Outro poema do mesmo autor: A Mulher Desconhecida


sexta-feira, dezembro 10, 2004

210. JÁ ME ESQUECI QUE FUI PRESIDENTE DA REPÚBLICA 

Adriano Jordão, o grande pianista e Conselheiro Cultural de Portugal em Brasília, contou há pouco no "Ritornello" da RDP 2, que Mário Soares afirmou num jantar de amigos: «Eu já me esqueci que fui Presidente da República». Acho isto extraordinário. Sempre me meteu impressão as pessoas viverem agarradas ao passado!


domingo, dezembro 05, 2004

209. JORIS IVENS E "ANA"  



Joris Ivens (1898-1989) foi um dos grandes mestres do documentário.
"Os temas constantes da sua obra são os homens no seu trabalho, nas suas lutas contra a Natureza e contra a opressão social. Foi testemunha do seu tempo, sempre presente onde fazia falta, no momento decisivo para a história da Humanidade. Interessou-se pouco por tudo o que se desmoronava, sendo em contrapartida um apaixonado por tudo o que se construía, se criava, se disputava. Grande montador, soube unir homens e coisas pelo lirismo que lhes é próprio" (Georges Sadoul, «Dicionário dos Cineastas», pág. 155, Livros Horizonte, 1980)
Joris Ivens era um admirador da obra de António Reis e Margarida Cordeiro.
Em 1983, escreveu um interessante texto sobre o filme "Ana": como espectador, como cineasta e como ancião de 84 anos. Dê um salto ao blogue António Reis e leia-o.

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