sábado, dezembro 24, 2011

357. FELIZ NATAL 

... mesmo que não se escreva nada durante o ano, aqui ficam os votos de um Feliz Natal!... e não se esqueçam:
"- Consoamos aqui os três - disse, com a pureza e a ironia dum patriarca. - A Senhora faz de quem é; o pequeno a mesma coisa; e eu, embora indigno, faço de S. José".
Boas Festas!


domingo, maio 15, 2011

356. DUAS OU TRÊS COISAS QUE SABÍAMOS DE NÓS 

"Pouco sei de nós que possa dizer, e que queira dizer. Sei - entraram uma vez, há muitos anos, na minha cabeça e no meu coração e lá ficaram para sempre - alguns versos perdidos e pouco mais (e o cobrador sabe sempre / quando o silêncio tem pó / e é perfeito). E outras coisas, mais secretas e mais fugazes, imagens breves, uma palavra ou outra, o último transido abraço poucos dias antes da sua morte.
Andávamos com os «Poemas quotidianos» no bolso e partilhávamo-los avaramente, nos cafés e nas longas noites solitárias da adolescência, como um fogo comum, um sinal que nos identificava uns aos outros como membros da mesma tribo errante; éramos todos jovens, ou julgávamos que éramos, e acreditávamos, naqueles tempos controversos, que nos havia sido dado o dom de, pela poesia, compreender e mudar o mundo e a vida. António Reis não o sabia, mas todas as palavras que então possuíamos eram as suas.
E um dia a notícia correu pelas esplanadas do Carmo e passou rapidamente de boca em boca. O António Reis estava a preparar uma página de poesia para o «Jornal de Notícias»; tinha convencido o dr. Nuno Teixeira Neves a entregar o número da Primavera do seu «Suplemento Literário» aos jovens poetas do Porto (o que quer que isso de jovens poetas do Porto fosse e era, asseguro-vos, algo muito misterioso) e queria poemas jovens e primaveris (o que quer que isso fosse também). Acorremos em massa, os jovens, os poetas e a Primavera.
A primeira reunião foi em casa do António Reis, nas margens do Douro, do lado de Gaia. Entrámos todos timidamente, quase com medo, o Chico, o Manuel Bernardo, o Rui, o Madureira, o Eduardo Guerra Carneiro (e tantos de que já não me recordo!), como se profanássemos um santuário ou a nossa própria intimidade. Levávamos os bolsos cheios, em pequenos cadernos, folhas soltas, incipientes livros, com o melhor que tínhamos: o coração. E o Reis recebeu o nosso coração com o seu enorme coração aberto. (É provavelmente piegas, isto, mas não consigo dizê-lo de outro modo. Porque é verdade?
Nunca tínhamos lido os nossos poemas em público. Lemo-los para o Reis e ele ouviu-nos, durante horas, com infinita paciência, e não menos infinita ironia (muitas vocações terão ali acabado, naquela noite terrível, e foi o Reis que lhes deu, com doces e duras palavras paternais, o golpe de misericórdia!). Dessa bela e nocturna noite recordo o fatídico momento da leitura do meu poema. Eu também nunca tinha lido um poema alto, e comecei a fazê-lo com o orgulho agressivo de quem espera o pior e sabe de antemão que esse pior será injusto. Antes de mim, o Manuel Bernardo tinha lido o seu, era qualquer coisa do género «Amanhã vamos fazer as coisas mais belas do mundo, etc., etc.», e o Reis tinha comentado, fulminante, ainda o último verso ecoava perplexamente na sala: «Não guardes para amanhã o que podes fazer hoje, Manuel Bernardo!».
Já não me lembro do poema que li, perdi-o entretanto para sempre em alguma gaveta das muitas casas por onde passei. Lembro-me só que, terminada a leitura, o Reis me perguntou: «Você conhece o Ponge?». Eu não conhecia, e o Reis foi lá dentro e trouxe-me um livro: «Acho que você há-de gostar». Eu não sabia se aquilo era um sim ou um não; mais tarde soube que era um sim, o poema saiu na página da Primavera do JN, aliás ao lado do do Manuel Bernardo e dos poemas dos outros todos!
A partir de então começámos a encontrar-nos mais vezes, e ainda enchemos com os nossos imaturos sonhos e rimas outra página do «Suplemento Literário» do dr. Teixeira Neves. A casa do Reis já era pequena, e imprópria para tantos poetas e tanto barulho. Mudámo-nos para cafés fora do tempo e do espaço: o Piolho, o Estrela, o Magestic. E, quando, às duas da manhã, os cafés fechavam, para o salão de cabeleireiro da Rua de Guedes de Azevedo onde o Madureira tinha arranjado emprego, o «Salão Capri», de sua graça (acho que ainda existe).
Depois, aos poucos, os poemas começaram a escassear e a figura do Reis a perder, com a sua fácil amizade, algum mistério. Ficámos reduzidos a uma pequena meia dúzia; o Reis continuou a falar-nos de poetas e de poesia e nós a ouvi-lo religiosamente, até que ele partiu, finalmente, para Lisboa. A última memória que tenho das sessões poéticas do «Salão Capri» é uma longa correria, debaixo da chuva, entre o Piolho e a Rua de Guedes de Azevedo. O Reis ia à frente, com o inevitável casaco de couro aberto ao vento, e nós atrás, sobraçando folhas dactilografadas e rindo (o Madureira queixava-se que deixara cair e perdera, nessa noite, algures sob a tempestade, um livro inteiro de poemas, coisa em que todos - que tínhamos também, cada um, as suas mentiras - fingíamos cumplicentemente acreditar). Tentei várias vezes, em vão, escrever um poema a partir da imagem desses seis ou sete poetas primaveris em louca correria atrás dos «Poemas quotidianos», fustigados, os poetas e os poemas, pela mais prosaica das chuvas. Mas a poesia, aprendi depois (e à minha custa) não se faz só com memórias, embora continue sem saber muito bem como ela se faz; foi algo que o Reis nunca pôde ensinar-nos, ele que, no entanto, nos ensinou, nesses dias misteriosos da juventude, coisas primárias e quotidianas sobre nós próprios e sobre a nossa juventude que poucos poetas do mundo (eu é que sei!) nos poderiam, como ele fez, ensinar.
Nunca mais o vi, até poucos dias antes da sua morte, no dia dos 50 anos do Chico. Receei então, quando dei subitamente com ele ao fundo da sala, que não me reconhecesse. Tantas coisas se tinham passado entretanto, tantas coisas mudado! Mas ele abraçou-me com tal força que soube então, comovidamente, com todo o meu corpo, que, afinal, algo essencial não mudara. E o meu coração rejubilou como se eu fosse jovem outra vez, e apertei-o também com quanta força tinha. Não com tanta força porém, hoje que sei que me despedia dele para sempre, como quereria ter podido então fazê-lo. Mas essas são coisas, indecifráveis e invioláveis, que estão para além da memória e das imagens, um património fundo e secreto que nenhumas palavras me poderão roubar e que nos pertence só aos dois, a mim e ao Reis."

Manuel António Pina


Regina Guimarães (Directora) - A Grande Ilusão, n.º 13/14 (Out. 91 a Mai. 92), pág. 4-5, Edições Afrontamento, Porto, 1992.


sábado, março 05, 2011

355. OS FILHOS DO PINTOR DOMINGOS SEQUEIRA 

DS-Filhos do pintor

Retrato de Domingos e Mariana Benedita Vitória de Sequeira
autor: Sequeira, Domingos António de (Lisboa, 1768 - Roma, 1837)
Museu Nacional de Arte Antiga

datação: 1815-16
dimensões: altura: 88; largura: 70
descrição: Nesta pintura inacabada, a filha do pintor, Mariana Benedita, surge representada em cima de um tamborete abraçando o irmão que segura um pássaro branco.
Legado - Legado do General Tomás da Costa Sequeira.

Retirado de MATRIZNET - onde se poderá pesquisar as colecções dos museus tutelados pelo Instituto Português de Museus.


segunda-feira, fevereiro 21, 2011

354. DESEMBARCARÁS DE UM SOL INONIMATO 

Desembarcarás de um sol inonimato
De uma praia sem sombras

Perfil cada vez mais nítido
Para além das lágrimas
Que não sei deter

Olhar mútuo cada vez mais límpido
Depois de termos sobrevoado
Florestas virgens
Incomensuráveis

Boston, 16 de Novembro 1995

Alberto de Lacerda - O Pajem Formidável dos Indícios, p. 15, Assírio&Alvim / Fundação Mário Soares, Lisboa, 2010.

Alberto de Lacerda nasceu na Ilha de Moçambique a 20 de Setembro de 1928 e faleceu em Londres no dia 27 de Agosto de 2007.


domingo, fevereiro 20, 2011

353. PARA AQUECER O CORAÇÃO 

ssbford

Depois de uma semana complicada, sabe bem ver The Sun Shines Bright, de John Ford, 1953... para "aquecer o coração".


sexta-feira, dezembro 24, 2010

352. FELIZ NATAL 

...é o que vos desejamos desde Vila Deanteira!
Todos já sabem como é o nosso Natal. Assim será este ano...
Muitos posts surgem na nossa cabeça ao longo do ano... mas a verdade é que não passam do projecto!
Obrigado, apesar de tudo, por ainda passarem por aqui!
Boas Festas!


segunda-feira, agosto 23, 2010

351. O VERMELHO E O NEGRO 

Vermelho e o Negro

Acabei de reler as aventuras de Julien Sorel. Já tinha lido "O Vermelho e o Negro" há muitos anos por empréstimo da Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian que passava em S. João de Areias. Reli-o agora com muito prazer. No "boletim informativo" da F. C. Gulbenkian, série II, n.º 1 de 1964 escrevia-se o seguinte:
"A obra de Henri Beyle, mais conhecido pelo pseudónimo de Stendhal (1783-1842), não despertou o interesse dos seus contemporâneos (Balzac conta-se entre os seus raros admiradores), e foi o nosso tempo que lhe fez justiça incluindo-o entre os grandes romancistas universais. Tendo vivido em pleno romantismo e falecido quando o realismo ensaiva com timidez os primeiros passos, os seus dotes de análise, a sua fina penetração psicológica, o seu desdém pela moral romântica do sentimento e as flores do estilo romântico, colocam-no fora da sua época, ou tão adiantado sobre ela que já se encontra no limiar da nossa.
Stendhal mostra a força da paixão com nitidez e frieza; poucos o igualam na argúcia e na subtileza a analisar os sentimentos.
O seu romance, como o do seu antecessor Benjamin Constant, chega a lembrar um laboratório, onde dissecam com gelada lucidez as paixões humanas. O seu método é o de um racionalista; mas a sua arte, onde nunca se procura o alarde ou se força o efeito, nem por isso deixa de ser arrebatante.
Os personagens de Stendhal caracterizam-se pela complexidade e a contradição dos sentimentos, que nunca tinha sido aprofundada até ao ponto em que ele o faz. Com Stendhal, a alma humana deixa de ser uma entidade vaga e abstracta para se transformar em objecto de busca e de indagação: o facto concreto aparece em toda a sua nudez, sem que a linguagem o deforme ou amplie. O seu conceito do homem é puro e elevado, mas sem exageros idealistas.
Uma aspiração clássica preside à realização desta obra, em que ao rigor do estilo corresponde a nitidez das figuras, onde nada envelheceu, e vai contando cada vez mais fiéis admiradores"
.
Tenho pena de já ter acabado "O Vermelho e o Negro". Estas famílias acompanharam-me, quase obsessivamente, nos últimos dias... e agora já estou com saudades delas!


domingo, janeiro 03, 2010

350. FESTA DE S. SILVESTRE 



Hoje, dia 3 de Janeiro de 2010. Os meus filhos tocaram pela primeira vez em Vila Deanteira. Escrevem eles no blogue da Filarmónica: "Depois de muitos anos a vermos, da nossa janela, a Banda a acompanhar a procissão, chegou o dia de nós integrarmos a Filarmónica de S. João de Areias e percorrermos as ruas da nossa aldeia. Estamos felizes por isso!" .
Grande Filarmónica de S. João de Areias! Parabéns aos mordomos de S. Silvestre.
Bom Ano Novo para todos!


quinta-feira, dezembro 24, 2009

349. FELIZ NATAL 

Coimbra, Natal de 1959

Estrela do Ocidente

Por teus olhos acesos de inocência
Me vou guiando agora, que anoitece.
Rei Mago que procura e desconhece
O caminho,
Sigo aquele que adivinho
Anunciado
Nessa luz só de luz adivinhada,
Infância humana, humana madrugada.

Presépio é qualquer berço
Onde a nudez do mundo tem calor
E o amor
Recomeça.
Leva-me, pois, depressa,
Através do deserto desta vida,
À Belém prometida...
Ou és tu a promessa?

Miguel Torga - Poesia Completa, 2.ª Edição, pág. 613, Publicações Dom Quixote, 2002

... desde o calor da nossa lareira... Boas Festas!


quinta-feira, outubro 01, 2009

348. É UM PRAZER SER PORTUGUÊS! 

Claro que não estou a falar de "escutas", de "submarinos", "de felgueiras", de "freeportes"... porque isso é escumalha...
estou a falar do prazer que estou a sentir ao ouvir o Concerto dos Laureados da 23.ª Edição do Prémio Jovens Músicos. Os 8 excelentes instrumentistas vencedores tocam com a Orquestra Gulbenkian, dirigidos pela maestrina Joana Carneiro.
Veja-se e admire-se o percurso destes jovens até chegarem a este nível - JL, n.º 1017, 23Set-6Out2009.
Aqui em casa deu-se particular atenção à actuação de Ricardo Pires (Saxofone alto) e de João Moreira (Clarinete).
Pese, embora, a excelente reportagem de João Almeida da RDP 2 nos últimos dias, este concerto não foi primeira capa de jornais, nem as televisões do país fizeram directos como fazem com os bacoucos do futebol.
Revolta já! São estes portugueses que devem mandar no País!


quarta-feira, setembro 02, 2009

347. NO SILÊNCIO DA NOITE 

Leio: "O cheiro das laranjas. Nunca andei na faculdade, nunca aprendi a dividir a cultura verticalmente. A minha avó era uma mulher do campo analfabeta. Ensinou-me a inventar a história da Branca Flor e a comer pão com laranja ou uvas. Mais tarde, quando almoçávamos sozinhas, ficávamos muito tempo à mesa a conversar, ela contava-me a sua vida e eu ouvia, como no filme do Eustache, como em Sicilia! Entre a minha avó e os filmes de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub não há a menor diferença - é um só plano".

publicado no Dias Felizes pela Cristina.


quinta-feira, julho 30, 2009

346. PADRES: IGNORÂNCIA DE ONTEM E DE HOJE 

- E o Cristo de saio?
- Foi o abade que mo meteu à cara.
- Se assim é, merece ir para a cadeia com o senhor. Mas que animal!
- Pratiquei uma obra de caridade, comprando-o. O clero português, mesmo aquele que sai dos seminários todo cheio de tomismos e liturgia, em arte é duma ignorância imensurável. Vá o meu querido doutor por essas igrejas fora. As imagens do Sagrado Coração de Jesus e do Coração de Maria, de Nossa Senhora de Lurdes, do Santo Condestável e da Senhora de la Salette, duma pulcritude reles, desbancaram as velhas imagens cheias de séculos, góticas tantas vezes. Por outra, como estas parecem feias, sem beleza celestial, entregam-nas ao imaginário, que as desbasta, alinda, ou simplesmente avilta sob a encarnação acatitada. Os templos românicos, que abundam por esta província, foram demolidos para dar lugar à igreja alta, sem graça nem estilo, género telheiro de fábrica. Os padres queimam os velhos paramentos, brocados do Renascimento, chamalotes que são maravilhas de tecelagem, porque estão velhos! Por modos autoriza-os o ritual"


Aquilino Ribeiro - O Homem que Matou o Diabo, pág. 104-105, Livraria Bertrand, 1978

Este texto foi escrito em 1930. Que pena os padres continuarem os mesmos ignorantes, exactamente como os descreveu Aquilino Ribeiro há 80 anos.


domingo, julho 19, 2009

345. 6 ANOS 

O blogue Vila Dianteira faz hoje meia-dúzia de anos!


sexta-feira, maio 22, 2009

344. JOHNNY GUITAR 

Já aqui falámos no Johnny Guitar. Apesar de tudo, e custa dizê-lo hoje, o filme cá de casa é o Rio Bravo. Mas vamos rever, daqui a pouco, na nossa "sessão da meia-noite", o Johnny Guitar. Quando alguém que é grande morre... e não pára tudo para o homenagear (e a televisão e a maior parte dos jornais continuam com as notícias das anormalidade humanas) é que me lembro que eu também tenho voz e que me calo demais...


domingo, março 22, 2009

343. QUE FOI FEITO DE NÓS - António Reis 

Que foi feito de nós
Ah Clara nada invejes

todos mais ou menos
ficamos tolerados
e aguardando

receando como tu
o desemprego e a velhice

vendo
crescer
os nossos filhos sem sorrir

António Reis - Poemas Quotidianos, pág. 12, Porto, [1957].

Colocámos mais documentos no António Reis. Passe por lá...


quarta-feira, março 18, 2009

342. CADERNOS DE FILOSOFIA EXTRAVAGANTE 



Soube pelo Almocreve das Petas. Ler mais aqui...


segunda-feira, fevereiro 16, 2009

341. CORES DE FEVEREIRO 





em Vila Deanteira...


sábado, janeiro 03, 2009

340. SENTIMENTO INTRUSIVO 

A organização de uma fotobiografia com rigor historiográfico obriga a uma metodologia exaustiva que atravessa mesmo sem querer os territórios do íntimo e do privado. São muitos os momentos em que somos surpreeendidos pela incomodidade de um sentimento intrusivo ou que nos sentimos a terceira pessoa de um diálogo a dois.

Helena de Freitas - "Entrada", in [Catálogo raisonné] Amadeo de Souza-Cardoso - Fotobiografia, pág. 13, F. C. Gulbenkian, Lisboa, 2007.

Sinto muitas vezes essa "má" experiência nos trabalhos que estou a realizar sobre a minha terra. Sei o que os padres escreveram nos registos paroquiais, conheço quem esprestou dinheiro com o intuito de ficar com as terras do devedor, sei o que se escreveu nas partilhas, nos testamentos (alguns foram rasurados mais tarde a mando do testador!). Conheço melhor as pessoas dos séculos XVIII e XIX da minha freguesia do que as da actualidade... E isso é complicado! Quando vou, sozinho, ao cemitério, visitar o local onde estão sepultados os meus familiares, peço desculpa a essas pessoas que ando a bisbilhotar.


quarta-feira, dezembro 24, 2008

339. FELIZ NATAL 

... é o que desejamos a todos vós! Boas Festas!


quarta-feira, dezembro 03, 2008

338. GENTE MÁ 

Há mesmo gente má... Portugal já teve dessa gente tempo demais!


sábado, novembro 08, 2008

337. 8 DE NOVEMBRO 

Em luta! 25 anos a ajudar a remediar a incompetência de sucessivos ministérios da educação! Basta!


sábado, março 08, 2008

336. 8 DE MARÇO 

Escolas, e justiça pelas próprias mãos - por Francisco José Viegas

Ontem visitei uma escola no concelho de Sintra. Era a "semana da leitura" numa escola cuja biblioteca está permanentemente aberta das 08h00 às 22h00 por devoção dos seus professores. Os de várias disciplinas, de Português a Educação Física e Geometria - cada um faz uma escala para garantir um dos objectivos internos da própria escola: mantê-la aberta nesse período. Havia alunos a ajudar no bar e no refeitório, porque não há pessoal suficiente. Alunos, funcionários administrativos e professores promoveram uma maratona de leitura. A ministra da educação pede a estes professores para "trabalharem mais um pouco", coisa que eles já fazem há bastante tempo; ouvi alunos portugueses, africanos, indianos, do Leste europeu, a falar com orgulho da sua escola. Falando com eles, um a um, percebe-se entusiasmo em várias coisas. Acho natural, são professores. Percebo pela blogosfera uma grande vontade de fazer "justiça pelas próprias mãos" aos professores, mas vejo poucas pessoas com disponibilidade para ouvi-los nas escolas - não nas ruas, onde as parvoíces são sempre amplificadas, mas nas escolas, nos corredores da escolas, quando fazem turnos de limpeza, quando atendem alunos em dificuldade ou fazem escalas para Português como língua estrangeira para rapazes ucranianos ou indianos que não entendem sequer o alfabeto ocidental, ou quando tratam dos problemas pessoais de alguns deles (ou porque não tomam o pequeno-almoço em casa, ou têm dificuldade em aceitar um namoro desfeito, ou andam na droga). Os professores, estes professores, são um dos últimos elos (percebe-se isso tão bem) entre os miúdos e miúdas desorientados e um mundo que é geralmente ingrato. São avaliados todos os dias pelo ambiente escolar, pelo ruído da rua, pelas horas de atendimento, pelas reuniões que o ME não suspeita. Muitas vezes, as famílias não sabem o ano que os miúdos frequentam; não sabem quantas faltas eles deram; não sabem se os filhos estão de ressaca. Os professores sabem.

Essa vontade de disciplinar os professores, eu percebo-a. Durante trinta anos, uma série de funcionários que abundou "pelos corredores do ME" (gosto da expressão, eu sei), decretou e planeou coisas inenarráveis para as escolas - sem as visitar, sem as conhecer, ignorando que essa geringonça de "planeamento", "objectivos", princípios pedagógicos modernos, funcionava muito bem nas suas cabecinhas mas que era necessário testar tudo nas escolas, que não podem ser laboratórios para experiências engenhosas. Muitos professores foram desmotivados ao longo destes anos. Ou porque os processos disciplinares eram longos depois de uma agressão (o ME ignora que esses processos devem ser rápidos e decisivos), ou porque ninguém sabe como a TLEBS é aplicada. Ninguém, que eu tivesse ouvido nas escolas onde vou, discordou da necessidade avaliação. Mas eu agradecia que se avaliasse também o trabalho do ME durante estes últimos anos; que se avaliasse o quanto o ME trabalhou para dificultar a vida nas escolas, com medidas insensatas, inadequadas e incompreensíveis; que se avalie a qualidade dos programas de ensino e a sua linguagem imprópria e incompreensível. Sou e sempre fui dos primeiros a pedir avaliação aos professores, porque é uma exigência democrática e que pode ajudar a melhorar a qualidade do ensino. Mas é fácil escolher os professores como bodes expiatórios de toda a desgraça "do sistema", como se tivessem sido eles a deixar apodrecer as escolas ou a introduzir reformas sobre reformas, a maior parte delas abandonadas uns anos depois. Por isso, quando pedirem "justiça", e "disciplina" e "rigor" (coisas elementares), não se esqueçam de visitar as escolas, de ver como é a vida dos professores, porque creio que se confunde em demasia aquilo que é "o mundo dos professores" com a imagem pública de um sistema desorganizado, oportunista e feito para produzir estatísticas boas para a propaganda.


Retirado, com a devida vénia, de A Origem das Espécies


terça-feira, março 04, 2008

335. NO SILÊNCIO DA NOITE 

Leio Maria Gabriela Llansol: Fui para Herbais pedir esmola do silêncio. Viver em segredo não é crueldade. Mas, para viver em segredo, é preciso um companheiro do mesmo reino ("Lisboaleipzig").


quarta-feira, fevereiro 27, 2008

334. NO ANIVERSÁRIO DE RUY BELO 

ORLA MARÍTIMA

O tempo das suaves raparigas
é junto ao mar ao longo da avenida
ao sol dos solitários dias de dezembro
Tudo ali pára como nas fotografias
É a tarde de agosto o rio a música o teu rosto
alegre e jovem hoje ainda quando tudo ia mudar
És tu surges de branco pela rua antigamente
noite iluminada noite de nuvens ó melhor mulher
(E nos alpes o cansado humanista canta alegremente)
«Mudança possui tudo»? Nada muda
nem sequer o cultor dos sistemáticos cuidados
levanta a dobra da tragédia nestas brancas horas
Deus anda à beira de água calça arregaçada
como um homem se deita como um homem se levanta
Somos crianças feitas para grandes férias
pássaros pedradas de calor
atiradas ao frio em redor
pássaros compêndios de vida
e morte resumida agasalhada em asas
Ali fica o retrato destes dias
gestos e pensamentos tudo fixo
Manhã dos outros não nossa manhã
pagão solar de uma alegria calma
De terra vem a água e da água a alma
o tempo é a maré que leva e traz
o mar às praias onde eternamente somos
Sabemos agora em que medida merecemos a vida


Ruy Belo - Antologia Poética - Ruy Belo: cidadão de longe e de ninguém, pág. 82, Círculo de Leitores, 1999, Lisboa

Ruy Belo nasceu a 27 de Fevereiro de 1933 em S. João da Ribeira, concelho de Rio Maior, e faleceu a 8 de Agosto de 1978 em Monte Abraão, Queluz.


terça-feira, dezembro 25, 2007

333. O ANTÓNIO É UM CHATO 



Como são António Reis e Margarida Cordeiro em tempo de filmagens? «O António é um chato», diz mãe Ana sorrindo, atenuando o sentido do cumprimento. E acrescenta: «É muito exigente. Por vezes fazíamos os mesmos planos 15 vezes, e isso era o pior...». Mas no fundo, fica uma boa lembrança: «Tomara que tivesse sido há 30 anos, talvez tivesse seguido a carreira», remata com uma gargalhada tímida (Texto de Cláudia Baptista in Jornal Se7e, pág. 11, de 8 de Maio de 1985).

Voltámos a "escrever" no António Reis. Passe por lá...


segunda-feira, dezembro 24, 2007

332.FELIZ NATAL 

«Bem escura, bem ventosa, bem fria e húmida surjas tu sempre, noite de vinte e quatro de Dezembro, que melhor então se avaliará pelo contraste a luz, o calor, o aconchego dos lares e mais íntimos se estreitarão os círculos da família em roda da ceia patriarcal»

Júlio Dinis - A Morgadinha dos Canaviais, pág. 177, Livraria Civilização, Porto, 1955.

O cepo já arde na lareira... está na hora de, também aqui em casa, estreitarmos o círculo à volta da grande travessa de batatas com bacalhau e couves.
Boas Festas!


quinta-feira, julho 19, 2007

331. 4 ANOS!!! 

O blogue Vila Dianteira faz hoje quatro anos!
Gostaríamos de escrever mais, mas não nos é possível! O trabalho, o maldito trabalho!, não nos deixa tempo livre.
E todo esse tempo livre é dedicado ao estudo da nossa freguesia de S. João de Areias! Vivemos um tempo de destruição, é preciso ir à frente das máquinas destruidoras, estudar, dar a conhecer, responsabilizar! Os nossos filhos não nos perdoarão se não o fizermos...
Quem sofre é o blogue...
Muito, muito obrigado a todos os que, apesar de tudo, ainda visitam a Vila Dianteira!


quinta-feira, maio 10, 2007

330. SITE DE VILA DIANTEIRA 

Nos últimos dias alterámos o site de Vila Dianteira.
Criámos as secções Situação geográfica, Dia-a-dia na aldeia e alterámos as Ilusões/Desilusões. Criámos igualmente a secção Museu de Vila Dianteira e Associação de Vila Dianteira.


domingo, maio 06, 2007

329. MÃE 

S. Martinho de Anta, 1 de Junho de 1948

Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?


Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.


Chamo aos gritos por ti - não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto - sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.


Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!


Miguel Torga, "Diário IV" (1949), in Poesia Completa, 2.ª Edição, Publicações Dom Quixote, Lisboa; 2002


quinta-feira, abril 26, 2007

328. POR ONDE TEMOS ANDADO... 

A calcorrear a nossa freguesia, a analisar quantos cacos aparecem nos terrenos lavrados de fresco, sentado nos penedos fascinado com a paisagem e com a vida e incutindo esse fascínio nos meus filhos, perdido no "Livro Preto - cartulário da Sé de Coimbra, nos trabalhos do Professor Jorge Alarcão (grande Professor!), nas "Necrópoles e sepulturas medievais de Entre-Douro-e-Minho (Séc. V a XV) do Professor Mário Barroca, nas Paróquias suevas e dioceses visigóticas do grande medievalista A. de Almeida Fernandes (agora já é unânime esta opinião!), no recente (para mim) Muçulmanos e Cristãos entre o Tejo e o Douro (Sécs. VIII a XIII)... Um dia falaremos de isto tudo. O blogue, claro, fica para trás...


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