domingo, dezembro 28, 2003

088. UNS DIAS NA CAPITAL 

Amanhã partimos uns dias para a capital.
Uma ida ao cinema - ver "À Procura de Nemo". Um dia em Belém - ver "Das Histórias Nascem Histórias" no CCB, as exposições de Noronha da Costa e de Nuno Viegas, uma visita já tradicional ao Museu de Arqueologia e aos Jerónimos; e a minha sala de exposições preferida: a Galeria de Pintura do Rei D. Luís ainda existe? nunca mais ouvi falar em novas exposições! alguém sabe o que se passa?. Uma ida ao Parque das Nações - para estar com a família e assistirmos (se ainda for possível) ao "Quebra-Nozes" no Teatro Camões.
E ver o mar... quem viveu com o mar debaixo da janela não se contenta com o seu som aprisionado dentro de um búzio. Os olhos levamo-los cheios de verde. Os ouvidos virão com o arrulhar das ondas!
Votos de um feliz Ano Novo para todos!

sábado, dezembro 27, 2003

087. OBRIGADO AO "TEMPO DUAL" 

A Sandra Costa e a Cláudia Caetano do Tempo Dual tiveram a gentileza de oferecer poemas como prenda de Natal. Aqui fica o que nos ofereceram:

Sensibilidade

noites videntes estas
em que tudo silencio com poemas
e os regressos afloram à ponta dos dedos


Sandra Costa

Obrigado. E já agora uma surpresa. Visitei o site boticelli da Sandra ao som da Holly Cole a cantar "Make It Go Away". Não conhecia. A saborear demoradamente... Agora vou comprar o livro "Sob a Luz do Mar", uma edição da Campo das Letras, e vamos lê-lo, eu e o pessoal cá de casa, no final do ano, na Praia Grande...
Eu não sou poeta. Só vos posso dar a minha amizade. Só vos posso dizer que me sinto bem perto de vocês.

sexta-feira, dezembro 26, 2003

086. A MINHA NOITE DE NATAL 

No início da noite o meu pai e os meus irmãos foram buscar um grande cepo para acender a lareira. Eu e a minha mãe fizemos sonhos e filhóses.
A nossa ceia foi o tradicional bacalhau com batatas e couve. A minha mãe serviu a ceia numa grande travessa e comemos todos dela ao calor da fogueira.
A seguir lemos o conto "Natal" de Miguel Torga, que fala dum mendigo chamado Garrinchas. Este ano li-o eu e para o próximo ano será o meu irmão António que anda no 1.º ano.
Ao fim da noite, pusemos uma das nossas botas perto da lareira e fomo-nos deitar. Ao outro dia estavam as nossas botas cheias com presentes do "Pai Natal".
As minhas prendas favoritas foram uma estola, uma pequena agenda electrónica e um livro chamado "Portugal - História e Lendas" escrito por Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada.

Sara Neves, 9 anos


quarta-feira, dezembro 24, 2003

085. FELIZ NATAL! 

"Enxuto e quente, o Garrinchas dispôs-se então a cear. Tirou a navalha do bolso, cortou um pedaço de broa e uma fatia de febra, e sentou-se. Mas antes da primeira bocada a alma deu-lhe um rebate e, por descargo de consciência, ergueu-se e chegou-se à entrada da capela. O clarão do lume batia em cheio na talha dourada e enchia depois a casa toda.
- É servida?
A Santa pareceu sorrir-lhe outra vez, e o menino também.
E o Garrinchas, diante daquele acolhimento cada vez mais cordial, não esteve com meias medidas: entrou, dirigiu-se ao altar, pegou na imagem e trouxe-a para junto da fogueira.
- Consoamos aqui os três - disse, com a pureza e a ironia dum patriarca. - A Senhora faz de quem é; o pequeno a mesma coisa; e eu, embora indigno, faço de S. José
".

Miguel Torga - Novos Contos da Montanha, 11.ª Edição, págs. 125 e 126, Coimbra, s/d; do conto "Natal".


segunda-feira, dezembro 22, 2003

084. BRINQUEDO 

Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.

O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.


Miguel Torga - "Poesia Completa", 2.ª edição, pág. 101, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2002
(Escolha de Sara Neves, 9 anos)


sábado, dezembro 20, 2003

083. OS CONTOS DE KATHERINE MANSFIELD 



"Ler os contos de Katherine Mansfield é caminhar entre crianças asfixiadas pela educação tradicional, adolescentes de sonhos impossíveis, soldados de fardas ridículas, mulheres que esboçam gestos de revolta e velhos nos confins do tempo. É sobre estes «seres sem história» que Katherine Mansfield escreve, revelando o drama oculto na aparência dos seus gestos usuais. E todo o seu condão está nessa capacidade de riscar fósforos na escuridão dos dias, iluminando, com ironia e emoção, recantos obscuros da vida.
Nascida em 1888, na Nova Zelândia, amiga de Virgínia Woolf e de D. H. Lawrence, contemporânea de um James Joyce que admirava e leitora atenta de Tchékhov, que morreu quando ela começava a escrever, Katherine Mansfield participou na renovação da difícil arte do conto, ajudando-o a libertar-se da moral vitoriana e do clássico enredo e dissolvendo a rigidez das perspectivas em sensações e recordações em subtil relação com a realidade exterior
".

(Katherine Mansfield - Contos, Relógio D´Água, Lisboa, 2002; texto extraído do Posfácio de autoria de Francisco Vale)

quinta-feira, dezembro 18, 2003

082. 50 VISITAS! 

Hoje o nosso blogue teve 50 visitas!
O que se passa? Raramente chegamos às 30 visitas...
Algum blogue dos famosos - que não consegui identificar - deve ter-se referido à  nossa "Vila".
Estou assustado. É muita gente. Visitas de amigos indulgentes, ainda vá que não vá. Agora assim...
Isto está complicado!

P.S. Este post foi alterado por imposição familiar. Quem é que falou em liberdade de postar?! ;-)

081. MEDO DE MORRER 

Via Aviz cheguei ao seguinte desabafo: Mortalidade - desde que me apaixonei tenho medo de morrer.
E eu digo: desde que tenho filhos sinto pavor.

terça-feira, dezembro 16, 2003

080. MALDADE 

A sorte é madrasta para algumas pessoas.
Na minha terra lembro-me de algumas vidas sempre se confundirem com o trabalho.
Partiam cedo para o emprego. No Verão já levavam pelo menos uma hora de labuta no campo. No Inverno saíam noite escura, pela chuva, pela geada, pelo frio de rachar.
Marcavam as horas da minha terra. Ao ouvirem-se determinados passos, um barulho caracterí­stico de bicicleta ou de motorizada, já se sabia quem partia e que horas eram...
Eu enroscado no aconchego da minha cama assistia a tudo.
Era assim a vida dos adultos!
Hoje, essas pessoas entraram na reforma.
O que deveria ser um período de descanso, de dedicação aos seus mimos agrí­colas, aos netos, a si próprios... acaba por transformar-se em período de doença, de sofrimento e de morte.
É uma grande maldade.
E nestas alturas apetece-me chamar nomes a quantos santos há, até ao meu vizinho S. Silvestre.

sábado, dezembro 13, 2003

079. FIAT LUX 



E a luz surgiu ao sétimo dia e dissipou as trevas.
E nós vimos que isso foi bom!

078. UMA SEMANA DE ESCURIDÃO 

Vila Dianteira está há uma semana às escuras.
As noites aqui são agora mais tristes.
Há uma semana que informo os serviços da EDP (Telef. 800 506 506). Dizem-me que já comunicaram às equipas técnicas. Há uma semana!
Não me deram uma explicação para o facto, nem existe qualquer comunicado à população afixado ou em jornais da região.
A EDP despreza-nos completamente.

quinta-feira, dezembro 11, 2003

077. POEMA DE ALBERTO CAEIRO 

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

(Alberto Caeiro - "Poemas", 8.ª Edição, págs. 36-37, Edições Ática, Lisboa, 1984)


domingo, dezembro 07, 2003

076. NO SILÊNCIO DA NOITE 

Inspirado pelo Blog far niente ouço The Sound em "From the Lions Mouth" (1981).
Adrian Borland, Graham Green, Max Mayers e Michael Dudley cantam e tocam:

Silent Air

Thunder in the air
Before a storm that rips
Anger in my heart
A finger on my lips
You showed me that silence
That haunts this troubled world
You showed me that silence
Can speak louder than words
Words end in disaster
On the rocks, in pieces
I know something lives on there
But I can´t say what it is
You showed me that silence
That haunts this troubled world
You showed me that silence
Can speak louder than words.


É uma música para ser ouvida com atenção por alguns autores de blogues.


sábado, dezembro 06, 2003

075. ENCONTRO FELIZ 

Hoje a minha esposa apresentou-me a um seu casal amigo e à sua filhita de três anos.
Muito já se tinha falado deles cá em casa.
A senhora e o marido são cegos. A filhita vê normalmente.
A conversa foi o habitual: surpresa pelo encontro, o que fazem, compras de Natal, etc.
Despedimo-nos.
Ficámos de longe a vê-los a atravessar a Praça 8 de Maio, em frente à Igreja de Santa Cruz de Coimbra - impecavelmente e felizes com a criança pela mão...
Regressámos a casa cheios de alegria e de força para viver!

sexta-feira, dezembro 05, 2003

074. PEQUENOS ARTISTAS 

O Jardim de Infância e a Escola Básica do 1.º Ciclo de S. João de Areias participaram no concurso de desenho "Um Postal para o Natal" promovido pelo Secretariado Regional de Viseu do Sindicato Nacional dos Professores Licenciados (SPLIU).
O Jardim Infantil obteve o 2.º Prémio - livros e material escolar.
A EB 1 viu alguns dos desenhos dos seus alunos serem escolhidos entre os melhores.
A cerimónia de entrega de prémios decorreu hoje na Livraria Pretexto, em Viseu. A pequenada esteve presente.
O Sindicato fez uma edição de postais de Natal com uma selecção dos melhores desenhos. Cinco desse postais são obra de artistas cá das escolas.
Parabéns a alunos e a professores.

quinta-feira, dezembro 04, 2003

073. VILA DIANTEIRA VISTA DO CÉU 



terça-feira, dezembro 02, 2003

072. NÃO HÁ DESPEDIDA... (Actualizado) 

"- Não há despedida, guapa, porque não estamos separados. Espero que tudo corra bem nos Gredos. Agora vai. Vai. Não - ele continuava a falar tranquilamente, gravemente, enquanto Pilar levava a rapariga. - Não te voltes para mim. Põe o pé no estribo. Sim. O teu pé. Ajuda-a Pilar. Aguenta-a. Põe-na na sela.
Jordan lavado em suor voltou a cabeça e olhou pela encosta abaixo; depois voltou a olhar para a rapariga já na sela, com Pilar ao lado e Pablo atrás.
- Agora vai -disse. Vai.
Maria ia virar a cabeça.
- Não olhes para trás - murmurou Robert Jordan. - Vai. - Pablo espertou-lhe o cavalo com uma chibatada e Maria pareceu tentar deixar-se cair da sela, mas Pilar e Pablo cavalgavam ao lado e Pilar amparava-a; os três cavalos subiram o atalho.
- Roberto - gritou Maria voltando-se. - Deixa-me ficar! Deixa-me ficar!
- Como ficar se eu vou contigo?"


(Ernest Hemingway - "Por Quem os Sinos Dobram", pág. 444, Livros do Brasil, Lisboa, s/d.)

Li há muito "Por Quem os Sinos Dobram". É uma bela obra. Intensa. Emotiva.
Lembro-me que o último capítulo me custou imenso a ler. Era difícil suportar tanta angústia.
Aconselhei este livro a várias amigas do coração. Nenhuma o conseguiu ler.
Nenhuma sentiu o que eu senti ao lê-lo.
Rui Veloso diz na "Paixão" que "Não se ama alguém que não ouve a mesma canção".
Mas... eu não tenho tanta certeza disso!


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