domingo, novembro 30, 2003
071. ECOS DE UTOPIA
No meu vale como na capital a utopia nunca passará de utopia.
Os blogues resistem. Por quanto tempo?
sexta-feira, novembro 28, 2003
070. PARABÉNS A MATILDE ROSA ARAÚJO

Matilde Rosa Araújo ganhou o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores.
É uma das minhas escritoras favoritas.
Gosto da maneira como escreve para as crianças: com palavras simples e ternas.
Li dois dos seus livros de poemas - "O Livro da Tila" e "O Cantar da Tila" - e alguns textos do livro "O Sol e o Menino dos Pés Frios".
Gostei muito.
Deixo-vos o poema O Chapéuzinho do livro "O Cantar da Tila"
A menina comprou um chapéu
E pô-lo devagarinho:
Nele nasceram papoilas,
Dois pássaros fizeram ninho.
Chapéu de palha de trigo
Que a foice um dia cortou:
Na cabeça da menina,
O trigo ressuscitou.
Depois tirou o chapéu,
Tirou-o devagarinho:
Não vão murchar as papoilas,
Não se vá espantar o ninho.
E, chapéuzinho na mão,
De cabeça levantada,
A menina olhou o Sol,
Como a dizer-lhe: obrigada!
Sara Neves, 9 anos
069. 9.º FINTA
Festival Internacional de Teatro Acert, 9.ª edição.
Organização Trigo Limpo Teatro Acert. Entre 27 de Novembro e 1 de Dezembro de 2003. Tondela.
Programa: está aqui
"Nesta 9ª edição do FINTA, o Trigo Limpo teatro ACERT reafirma, a vitalidade criativa do seu projecto teatral e traduz a sua dinâmica de programação regular de espectáculos no seu espaço Novo Ciclo ACERT. A fixação de um público regional e nacional, bem como a descoberta de critérios de identidade artística são factores que colocam este acontecimento no roteiro teatral nacional" (do Cartaz).
quarta-feira, novembro 26, 2003
068. FIGURAS DE UM SONHO (Actualizado)

Alvarez(1906-1942) - "Casario e Figuras de um Sonho", s/d, C.A.M.-F.C.G.
Está uma tarde desagradável, cinzenta, fria e triste.
Uma chuva miudinha tocada pelo vento varre o largo em frente à minha casa.
Nos dias assim sempre houve pessoas na minha terra a sair para a rua. Não é porque tenham algo para fazer. Saem, simplesmente.
Nunca percebi bem porquê. Será que em dias assim a tristeza é maior dentro de casa?
Há pouco passou uma senhora idosa; sem pressa; parou a falar com uma minha vizinha que estava à janela.
Agora é um senhor já idoso e um rapaz na meia idade, tio e sobrinho. Chapéus-de-chuva abertos, apoiados nos ombros. Param sobre o pontão do ribeiro. Olham para um lado, olham para o outro. A chuva fustiga. Ali estão a conversar. Os chapéus tocam-se.
São figuras de um sonho.
terça-feira, novembro 25, 2003
067. DISPERSÃO
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
(Mário de Sá-Carneiro, "Poesias", págs. 61, Edições Ática, Lisboa, 1978).
segunda-feira, novembro 24, 2003
066. ENTREM E SIRVAM-SE...
A afluência tem sido enorme...
A sala é acanhada. Desculpem.
Mas sirvam-se... à boa maneira beirã!
domingo, novembro 23, 2003
065. NO SILÊNCIO DA NOITE
sábado, novembro 22, 2003
064. CINE CLUBE DE VISEU VEIO À EB1 DE S. JOÃO DE AREIAS
O Cine Clube de Viseu possui, no âmbito da formação nas áreas do cinema e audiovisual, um projecto de "Cinema para as Escolas", aplicado a vários níveis de ensino nas escolas do distrito de Viseu.
Este projecto desenvolve-se através de dois tipos de actividades, intituladas "Escolas Animadas" e "Aprender em Filmes".
Entre 1999 e 2003 participaram 12.700 alunos (!), 600 professores, num total de 225 escolas, abrangendo 20 dos 24 concelhos do distrito de Viseu. É obra!
Os meus filhos chegaram a casa encantados! Tinham feito um filme de animação! Ouvi-os, demoradamente, a explicarem-me o que é um filme de animação e como se realiza. E até fizeram efeitos especiais...
Obrigado ao Cine Clube de Viseu e à Sr.ª Prof.ª Maria Cremilde (que propôs a sua vinda), bem como obrigado aos restantes professores da EB1 de S. João de Areias.
Três instituições viseenses se impõem a nível regional: o Museu Grão Vasco, o Teatro Viriato e o Cine Clube de Viseu.
As duas primeiras possuem sedes condignas.
O Cine Clube precisa de instalações novas que lhe dêem a possibilidade de se expandir, melhorar as actividades existentes e produzir outras.
E são bem merecidas!
Os pais de milhares de alunos do distrito de Viseu fazem votos para que o Pai Natal traga em breve ao Cine Clube de Viseu a tão desejada nova sede.
quinta-feira, novembro 20, 2003
063. O TESOURO DE ARNE

"O Tesouro de Arne" é um filme de 1919, realizado por Mauritz Stiller (1883-1928), um dos fundadores do cinema sueco.
Vi esta imagem pela primeira vez na "História Ilustrada do Cinema", de René Jeanne e Charles Ford, vol. 1, pág. 188, da Livraria Bertrand, que a Biblioteca Itinerante da Gulbenkian trouxe até à minha terra.
Fiquei fascinado! Jurei a mim próprio que veria este filme na primeira oportunidade.
E assim foi. O que eu andei... saí da minha terra de manhã bem cedo, rumo a Lisboa; o filme passava às 18 horas; regressei feliz no primeiro comboio, pela noite dentro. Tudo andava mais devagar.
"O filme é um drama de amor em que a heroína está apaixonada pelo assassino do seu pai. Stiller trabalhou esta sombria história com um frenesi romântico e um cuidado de composição plástica ainda desconhecidos e que atingem o seu ponto culminante na sequência final, o cortejo fúnebre da jovem defunta, levada numa padiola por seis homens vestidos de branco, a que se segue uma longa fila de formas negras serpenteando na brancura da neve".
terça-feira, novembro 18, 2003
062. POEMA DE AL-MU´TAMID
De negras madeixas
Amo uma gazela
Um sol é seu rosto
E palmeira é ela
De ancas opulentas.
Há entre seus lábios
Do néctar o gosto.
Ó sede, se intentas
Sua boca beijar
Não o vais lograr
Al-Mu´tamid é o mais notável dos poetas hispano-árabes. Nasceu em Beja, em 1040, foi governador de Silves e em 1069 subiu ao trono do reino taifa de Sevilha. A conquista dos reinos islâmicos pelos guerreiros almorávidas obrigou-o ao desterro em Marrocos, onde morreu em 1095.
(Adalberto Alves, "O Meu Coração é Árabe", 1.ª Edição, págs. 147-164, Assírio & Alvim, Lisboa, 1987)
061. CAMINHO PARA DEUS
segunda-feira, novembro 17, 2003
060. NO SILÊNCIO DA NOITE
Fitei intensamente a lua:
Era o teu rosto
Na noite do desespero.
De ti tive abundância
Em tempo de penúria.
Assim vivia em graça
No abrigo que me davas.
Ai, a saudade dessa estima antiga!
Doce era ser sob a tua sombra:
Errava no verde prado
À vista da fonte de água fresca!
Poema de Ibn ´Ammar, poeta hispano-árabe, nascido em 1031, em Silves, e morto em 1084.
(Adalberto Alves, "O Meu Coração é Árabe", 1.ª Edição, págs. 61-62, Assírio & Alvim, Lisboa, 1987)
sábado, novembro 15, 2003
059. QUERO CRIAR UM BLOGUE...
Quer falar da sua escola, dos colegas, de livros como os da Sophia de M. B. Andresen, da Ilse Rosa, da Ana Magalhães/Isabel Alçada, dos filmes que viu da Barbie, do Shrek, do Toy Story, das músicas da Shakira, enfim...
Eu aos 9 anos queria era jogar à bola, brincar aos bombeiros, aos cowboys, às escondidas.
Se os meus filhos me pedirem coisas destas, eu tenho um termo de comparação, sei o que pedia aos meus pais e qual a sua reacção. Em algumas situações reagirei como os meus pais reagiram, em outras farei de outro modo.
Agora pedir-me para criar um blogue...
Andar a passear no meio destes blogues todos... Percebem-me?
Em muitos aspectos os miúdos de hoje, os miúdos da era da informática, têm de lidar desde muito cedo com textos e com imagens que a nós só nos chegavam muito mais tarde e com muita dificuldade. E é-lhes exigido um juízo crítico sobre essas imagens e esses textos.
Ou seja, cada vez mais cedo estes miúdos estão a passar à fase adulta.
Então... e quando é que são crianças?
Será que no nosso tempos éramos crianças demasiado tempo?
Isto está complicado!
quarta-feira, novembro 12, 2003
058. MÍSCAROS

É o tempo
dos míscaros
que as meninas e meninos da aldeia
vão apanhar
aos pinhais
depois da chuva.
Maria Isabel Anjo (texto) e Maria Keil (ilustrações)- "O OUTONO é o tempo a envelhecer", 2.ª edição, Sá da Costa Editora, Lisboa, 1981
(Escolha de Sara Neves, 9 anos).
segunda-feira, novembro 10, 2003
057. NUM REGRESSO À MINHA ALDEIA
O luar cada vez mais lindo,
Caía em lágrimas - e. enfim,
Tão pontual, às onze e meia,
Entrava, soberba, na aldeia
Cheia de guizos, tlim, tlim, tlim!
Lá vejo ainda a nossa casa
Toda de lume, cor de brasa,
Altiva, entre árvores, tão só!
Lá se abrem os portões gradeados,
Lá vêm com velas os criados,
Lá vem, sorrindo, a minha avó.
E então, Jesus! quantos abraços!
- Qu´é dos teus olhos, dos teus braços,
Valha-me Deus! Como ele vem!
E admirada, com as mãos juntas,
Toda me enchia de perguntas,
Como se eu viesse de Belém!
E os teus estudos, tens-me andado?
Tomara eu ver-te formado!
Livre de Coimbra, minha flor!
Mas vens tão magro, tão sumido...
Trazes tu no peito escondido,
E que eu não saiba, algum amor?
No entanto entrava no meu quarto:
Tudo tão bom, tudo tão farto!
Que leito aquele! e a água, Jesus!
E os lençóis! rico cheiro a linho!
- Vá, dorme, que vens cansadinho.
Não adormeças com a luz!
E eu deitava-me, mudo e triste.
(- Reza também o terço, ouviste?)
Versos, bailando dentro em mim...
Não tinha tempo de ir na sala,
De novo: - Apaga a luz! - Que rala!
Descansa, minha avó, que sim!
Ora, às ocultas, eu trazia,
No seio, um livro e lia, lia,
Garrett da minha paixão...
Daí a pouco a mesma reza:
- Não vás dormir de luz acesa,
Apaga a luz!... (E eu ainda... não!)
E continuava, lendo, lendo...
O dia vinha já rompendo,
De novo: - Já dormes, diz?
- Bff!... e dormia com a ideia
Naquela tia Doroteia,
De que fala Júlio Dinis.
(António Nobre, Só, págs. 70-71, excerto do poema "Viagens na Minha Terra", Publicações Europa-América, s/d.; António Nobre nasceu no Porto em 1867, estudou em Coimbra e em Paris, e, faleceu na Foz do Douro em 1900).
domingo, novembro 09, 2003
056. NÃO VAI ACABAR NUNCA...
055. VOLTEI
Não me sinto triste! O peso da memória, por vezes, atrofia-nos.
Vamos ganhar o futuro (pareço um político!).
Agora... vou matar as saudades dos blogues da minha blogosfera.
Até logo!
segunda-feira, novembro 03, 2003
054. TROVOADAS
Estou impossibilitado de blogar.
Já tenho imensas saudades da blogosfera.
Obrigado aos amigos que se preocuparam com a sorte da minha "Vila".
